Estirâncio e Pós-Praia de Morro de São Paulo
Ocorrem em estrita faixa litorânea localizada a este da ilha de Morro de São Paulo. São formados por materiais arenoquartzosos e arenobioclásticos, de cores esbranquiçadas e acinzentadas que se apresentam despidos de cobertura vegetal.
A APA de Tinharé / Boipeba é constituída por rochas sedimentares com relevo de plano a suave ondulado e forte ondulado; as idades geológicas estão entre o Jurássico ao Holoceno. Esta estrutura juntamente com o clima propiciou a instalação de uma rede hidrográfica bastante densa e predominantemente superior a 2.000mm/ano, e sofre influencia direta do oceano e das marés.
Quanto as águas superficiais está inserida na Bacia Hidrográfica do Recôncavo Sul, segundo enquadramento da Superintendência de Recursos Hídricos da Bahia, hoje SEMARH. Enquanto que por se encontrar em um modelado morfológico e uma litologia (areias pouco consolidadas) que favorece a infiltração de água para o subsolo possuem aqüíferos sedimentares de importância variada em seu território.
De uma maneira geral, as águas desse aqüífero podem ser utilizadas para abastecimento humano e para a irrigação, excetuando-se o caso de poluição e ou contaminação localizada devido a atividades antropogênicas. Quanto a sua balneabilidade as águas foram classificadas como satisfatórias (Op. Cit.).
As localidades na ilha são abastecidas segundo CONDER (1998) pelos rios e riachos além de cacimbas e fontes. A exploração da água é relativamente fácil (basta perfurar um poço ou cacimba para obter água subterrânea de boa qualidade), mas é necessário cuidado com a contaminação dos mananciais a partir das fossas e lixeira.
Seria conveniente monitorar os recursos hídricos da área verificando índices mais atualizados de qualidade, assim como, seu potencial em relação a população flutuante que vem aumentando nos últimos anos. Ressalta-se concomitantemente, a importância de promover cursos de educação ambiental para os moradores do local, para que estes possam de maneira mais consciente gerenciar:
- A proteção dos recursos superficiais subterrâneos e oceânicos contra a contaminação por resíduos sólidos e efluentes líquidos;
- Os solos contra a contaminação por lixo, o qual pode ser reduzido com a prática da reciclagem;
- As atividades turísticas e seus possíveis impactos que possam desequilibrar o atual sistema ambiental; dentre outros.
Portanto as atividades sociais devem respeitar as condições do meio para que a primeira torne-se sustentável.
Fonte: Plano de manejo da área de proteção ambiental – Morro de São Paulo
O Diagnóstico Ambiental da APA destaca que as formações vegetais encontradas na área de influencia direta e indireta da APA Tinharé e Boipeba são Manguezais, Restingas, Mata Ombrófila Densa e Ecossistemas Marinhos.
A Restinga
A vegetação de restinga é o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Os solos extremamente arenosos não conseguem reter água e nutrientes em grande quantidade. Para sobreviver, as plantas desenvolveram mecanismos de obtenção de água – com sistemas de raízes superficiais extensos e de nutrientes, retirados da atmosfera (Neiman, 1989).
Ecossistemas Marinhos Costeiros:
Estes ambientes incluem praias, recifes e áreas adjacentes. A praia é o ambiente adjacente a terra firma, exposto diretamente a ação das marés, formado por sedimento arenoso ou por rocha maciça. A praia arenosa, por não possuir substrato firme e estar exposta a um maior hidrodinamismo, não apresenta cobertura vegetal macroscópica. A praia rochosa possui substrato firme e apresenta cobertura macroalgal característica, semelhante a dos recifes (não é o caso da área de Morro de São Paulo).
A área da ZOM – Zona de Orla Marítima – distando 60m da preamar, que corresponde originalmente a área ocupada pelo ecossistema de restinga, onde se constata que a mesma sofreu processo de antropização resultando na descaracterização da fisionomia natural. Atualmente encontra-se modificada, em que as espécies nativas há muito foram substituídas por espécies cultivadas do tipo palmeiras (coqueiros). Vale salientar que quase toda a faixa litorânea da ilha, a exceção localizada de afloramento de mangues, está, desde muitos anos, sendo utilizada para plantações extensivas de coqueiros.
Um exemplo forma a análise da maior parte da Quarta Praia de Morro de São Paulo:
De acordo com o mapa de vegetação da APA, os tipos predominantes de cobertura vegetal encontrados na área do empreendimento são restinga arbórea e área antropizada.
A partir da análise em campo, pode-se caracterizar a cobertura vegetal da área em questão, formada por extrato herbáceo e pela presença de indivíduos introduzidos isoladamente, como coqueiros (Cocos nucifera), dendê (Elaeis guainensis), cajueiro (Ancardium occidentale).
É necessário salientar algumas condições que podem pela ausência de gestão, transformar-se em impactos ambientais negativos para a área.
Não há preocupação por parte de grande parcela da população com a disposição final do lixo, não há condicionamento sistemático e selecionado dos resíduos sólidos que, muita vez, fica exposto a céu aberto, o que é inadmissível em um destino turístico da estirpe do Morro de São Paulo, o que sofre um agravamento no período de alta estação, devido ao acréscimo da população flutuante. No sitio histórico, todas as construções estão ligadas a rede geral de esgotamento sanitário, sendo enviado para a E.T.E. – estação de tratamento de esgoto – porem, fora deste trecho, o que se nota claramente é que nem todas as edificações possuem fossas sépticas anaeróbicas. Conseqüentemente, as águas servidas e os resíduos sólidos constituem-se, potencialmente em fatores de risco e agentes contaminantes dos mananciais subterrâneos, ou seja, tornar-se-á um passivo ambiental.
Além disso, a cobertura vegetal em vários trechos da APA encontra-se reduzida ou modificda devido a diversas atividades antrópicas que vem sendo desenvolvidas na região como a retirada de madeira, substituição para áreas de cultivo, e atualmente pela ocupação acelerada e sem planejamento.